segunda-feira, 22 de junho de 2009

Releitura

Certa vez escrevi um texto para mim mesma, sobre eu mesma.
Uma reflexão, uma autoavaliação, uma crítica, um apelo, um ato de desespero.
Até então me encontrava só.
Não no físico.
Me sentia só, mesmo quando rodeada por um mar de gente.
Talvez tenha sido a época que mais apelei para o papel e a caneta.
Não que, necessariamente, me fizesse bem. Simplesmente era uma necessidade.
Mais que uma vez senti a alegria alheia me gelar, me fazer ódio.
Àquela época ainda me considerava um coração de gelo. Não acreditava em amor. Nem que eventualmente poderia me apaixonar e não deixava, muito menos, que outros se apaixonassem por mim.
Creio que isso seja impossível quando não há, nem ao menos, amor próprio.
Me entretia lendo livros, ouvindo músicas...
Mas disso, não me arrependo.
Foram ambos meu suporte, meu forte, meu porto seguro,. em igual tamanho.

PENA é um sentimendo do qual nunca fui fã.
Sempre o achei uma prova da mediocridade alheia, então, sempre me opus a sentirem pena de mim.
Posso ser o que for, mas me recuso a ser medíocre.
Mas, ao mesmo tempo, não aceitava qualquer sentimento voltado à minha pessoa. Nem indiferença, nem compaixão, nem paixão.

Estava, então, só não por opção. Mas estava cansada.
Literalmente cansada de ser cruel, aos olhos alheios, cansada de não entender meus atos e pensamentos, e de ser maltratada.

Ainda assim, eram raríssimas as ocasiões nas quais demonstrava sentimento.
Honestamente, não citava nem minhas qualidades, se é que as tinha.
Porque, se o fizesse, estaria sendo falsa e falsidade nunca fez parte do meu vocabulário.
A única coisa que não negava era o fato de, toda vez, ao me olhar no espelho, me depararva com meu pior inimigo. E, então, me recompunha e colocava a máscara diária que levava em minha face. Meu véu protetor.

Garanto que nunca me arrependi do que fiz e do que faço.
Me arrependo do que não faço.
Não me privo de experiências.

Já existiu uma época na qual eu era inocente.
Infeliz ou felizmente, a inocência se vai de acordo com que nos adaptamos à sociedade e suas demandas.

Eu me considerava uma flor.
Uma rosa que enfrenta temporais, vendavais, sol escaldante, e vários outros obstáculos que podem fazer dela, mais uma vítima. Mas quando tudo se acalma, ela está firme e forte.

Quanta ignorância da minha parte.
E quanta falsidade , mesmo que sem querer.
Hoje, SIM, eu sou uma rosa.
Um escudo.
E sinto que tem muita coisa dentro de mim prestes a desabrochar.
É questão de tempo.